segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

MBOA, TSEKE (Amaranthus viridis)

MBOA, TSEKE  (Amaranthus viridis)
O "Mboa" como é conhecido na Província de Inhambane, ”tseke” na província de Maputo e Gaza  e “nheua“, no Norte de Moçambique. Em Brasil é chamado de Caruru. é uma planta considerada por muitos uma erva daninha, pois cresce de forma espontânea em terrenos abandonados e no meio de jardins. Ela tem diversas utilidades. Alias, o Governo da Republica de Moçambique incentiva o seu cultivo e já despõe de elevadas quantidades de semente para a comercialização.

O Mboa (Amaranthus viridis), também conhecido como bredo, caruru de porco ou caruru de mancha seria uma planta nativa das Américas, embora alguns autores indiquem que sua origem seja a Jamaica. Segundo relatos, os europeus tiveram seu primeiro contato com essa planta através do povo Maia, que habitava terras mexicanas.

Embora seja tida como uma espécie invasora, estando bem adaptada às condições climáticas moçambicanas, o mboa é um ótimo indicador de qualidade do solo. Isso porque sua presença indica solo rico em potássio (K), elemento mineral que confere certo grau de fertilidade a terra.

Devido a sua constituição bioquímica o mboa é extremamente valorizado em relação aos seus aspectos nutricionais e medicinais. Todas as partes da planta são comestíveis (folhas, sementes e raiz), embora em Inhambane se consome apenas as folhas, sendo um alimento rico em potássio (K), ferro (Fe), cálcio (Ca) e vitaminas A, B1, B2 e C. É indicado nos casos de anemia, desnutrição infantil e durante o aleitamento materno, uma vez que possui propriedade lactígena (favorece a produção de leite). É importante ressaltar que gestantes e lactantes deveriam evitar o consumo de suas flores, fazendo uso apenas das folhas.

As folhas do mboa são ricas em flavonóides, principalmente quercetina e rutina. Esses dois compostos possuem diversos efeitos bioquímicos como inibição de enzimas, papel regulador sobre diferentes hormônios e atividades farmacológicas como: ação antioxidante, antimicrobiana, anti câncer, anti hepatotóxica e proteção do sistema cardio vascular. Todas essas propriedades fazem com que o nosso querido caruru seja utilizado no tratamento de processos inflamatórios (infecções), eczemas, bronquite, constipação intestinal (prisão de ventre), problemas de digestão e hepáticos (fígado) e hanseníase (lepra).

Na culinária suas sementes podem ser consumidas torradas, misturadas com diferentes alimentos como pães e saladas. De acordo com Guilherme Piso citado por Jose Manuel Miranda, médico e naturalista que participou de uma expedição nos anos 1637 – 1644 para o Brasil, com patrocínio do conde Maurício de Nassau, o mboa seria de origem indígena. Ele a designava como uma erva de uso medicinal e alimentício. Guilherme Piso, que estudava doenças tropicais e terapias indígenas relata em sua obra, Historia Naturalis Brasiliae: “come-se este bredo (nome como é conhecida a folha na Bahia) como legume e cozinha-se em lugar de espinafre…"

CLIMA
O mboa é uma planta que prefere clima subtropical ou tropical, podendo ser cultivado em temperaturas entre 22°C e 30°C. Estas plantas precisam de luz solar direta ao menos por algumas horas diariamente.
SOLO
O ideal é que o solo seja bem drenado, profundo, fértil, rico em matéria orgânica e com pH entre 5,5 e 7. Entretanto, estas plantas são bastante tolerantes quanto ao tipo de solo, tolerando até mesmo solos levemente salinos ou solos sujeitos a encharcamento por curtos períodos.

PLANTIO
O plantio do mboa é feito por sementes, que são pequenas e devem ficar próximas a superfície para germinarem. Assim, apenas uma leve camada de terra peneirada deve ser usada para cobrir as sementes.

As sementes podem ser plantadas no local definitivo ou em sementeiras, pequenos vasos, copos feitos com papel jornal e outros recipientes. O transplante deve ser feito quando as mudas têm de 7 a 10 cm de altura.

O espaçamento utilizado varia muito conforme a espécie e o cultivar, e não há recomendações estabelecidas para todas. Algumas recomendações gerais são usar um espaçamento de 75 cm a 1 m entre as linhas e de 20 cm a 60 cm entre as plantas destinadas a produção de sementes, ou de 20 a 30 cm entre as linhas e de 10 a 15 cm para o cultivo como hortaliça.

O mboa, dependendo da espécie e do cultivar, pode ser plantado em jardineiras e vasos. Algumas espécies ou cultivares podem crescer muito, também apresentando raízes profundas, e portanto não são adequados para vasos e outros contêineres.

TRATOS CULTURAIS
Retire plantas invasoras que estejam concorrendo por nutrientes e recursos enquanto as plantas são jovens. A maioria das espécies apresenta uma abundante folhagem quando as plantas estão bem desenvolvidas, raramente permitindo que plantas invasoras cresçam.

Note porém que várias espécies de amaranto são elas próprias plantas invasoras em hortas e plantações, podendo causar prejuízos em plantações de outras culturas. A presença natural destas plantas em um local geralmente indica que o solo apresenta uma boa fertilidade.

Adubações podem ser feitas a cada três semanas para promover um bom crescimento, tomando o cuidado de não usar adubos ricos em nitrogênio, pois estas plantas têm a capacidade de armazenar nitratos em suas folhas e ramos.